10 de agosto de 2009

Ilustres de São Mamede




Sara Afonso
Pintora e ilustradora portuguesa teve uma participação impar na vida artística dos anos trinta, embora se não possa dissociar a sua vida da do seu marido, José de Almada Negreiros. Sara, nasceu em Lisboa numa família burguesa, filha de um oficial do Exército e de Alexandrina Gomes Afonso. Passou a infância no Minho, que a viria a inspirar em temas populares de grande beleza e ingenuidade. Em 1924, ainda solteira, partiu sozinha para Paris, depois de ter tido lições com o pintor Columbano Bordalo Pinheiro. Paris foi uma experiência determinante, então também a cidade de Picasso e Hemingway. Ali expôs com sucesso no Salon d'Automne.

Regressou a Portugal e, à sua custa, voltou para Paris entre 1928 e 1929, trabalhando no atelier de uma modista onde fazia croquis de moda, gosto que lhe ficou, tendo colaboraria mais tarde com desenhos de moda para revistas portuguesas. Sara Afonso de regresso a Lisboa seria a primeira mulher a frequentar o café A Brasileira do Chiado, então exclusiva do sexo masculino. Contemporânea de Bernardo e Ofélia Marques, Carlos Botelho e tantos outros era previsível que viria de casar com um pintor. Participou no primeiro Salão de Artistas Independentes em 1930. Casou aos 35 anos com José de Almada Negreiros.

Sara Afonso conciliou a sua vida de mãe de família e de pintora. Fez uma exposição individual, em 1939 e participou na Exposição do Mundo Português, em 1940. Em 1944 recebeu o Prémio Sousa Cardoso. Em 1953 integrou a delegação portuguesa à Bienal de São Paulo. Não deixou de pintar até quase ao fim dos seus dias. Fez retrospectivas dos seus trabalhos em 1953, 1962, 1975 e 1980. Sara Afonso dedicou especial atenção às festas populares e às tradições portuguesas em cores doces e luminosas. Por ocasião do centenário do seu nascimento, em 1999, realizaram-se exposições comemorativas em Viana do Castelo e Porto. Sara Afonso morreu na Rua São Filipe Nery (ao Rato), na Freguesia de São Mamede, naquela que foi a sua casa de família onde viveu com Almada Negreiros e os filhos.

Inocêncio Francisco da Silva

(28/09/1810 - 27/06/1876 oriundo de uma família de fracos recursos económicos teve como habilitações o Curso de Comércio e formou-se em Matemática na Academia de Marinha. Nas Guerras Liberais esteve do lado do Duque da Terceira. Depois das lutas dedicou-se ao ensino e entrou na política. Foi como empregado do Estado na Administração de Lisboa que começou a estudar por conta própria, tendo adquirido vastos conhecimentos em línguas e humanidades. Dedicou a sua vida a escrever o precioso Dicionário Bibliográfico Português continuado por Brito Aranha, seu testamentário, que lhe acrescentou vários volumes. O Dicionário é constituído por 23 vols., completados por um Guia Bibliográfico de Ernesto Soares e um Aditamento de Martinho da Fonseca. Inocêncio da Silva pertenceu à Maçonaria e foi sócio da Academia das Ciências de Lisboa.
O seu Dicionário continua a ser um livro de referência para historiadores e investigadores, com a curiosidade de os autores constarem com o nome próprio antes dos apelidos. O ilustre bibliógrafo faleceu em Lisboa na mesma casa onde nasceu na Rua São Filipe Nery, 26 – 2º, (*) que hoje ostenta uma lápide evocativa. Curiosamente Luísa Paiva Boléo, cabeça de lista por São Mamede às Autárquicas 2009 reside nessa mesma casa e andar.

(*) A casa construída antes do terramoto de 1755 tinha então apenas dois andares, foi já no séc. XX acrescentada, tendo hoje 5 andares.

Um comentário:

  1. E ainda ... Alexandre O'Neill, José Augusto-França, Almada Negreiros, Maria Helena Vieira da Silva e Aspar Szenes e pessoas que aqui trabalham hoje, como o último endadernador de São Mamede, o polícia sinaleiro, os donos dos novos restaurantes, e Catarina Barros e Ricardo Ribeiro da Livraria Trama.

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