27 de agosto de 2009

Jardim das Amoreiras com novo quiosque e esplanada

Já abriu o novo quiosque do jardim Marcelino Mesquita (Jardim das Amoreiras). O novo espaço, que dispõe de uma ampla zona de esplanada, vai certamente trazer maior dinamização a este jardim.
A colocação deste modelo de quiosques, modelo Olissipo, permite equipar ainda os jardins com casas de banho públicas, suprimindo assim a falta destes equipamentos no espaço público.





O vereador José Sá Fernandes congratula-se com mais esta abertura, integrada na estratégia do Município de recuperação e dinamização dos jardins, miradouros e espaço público de Lisboa. Depois dos três quiosques recuperados e inaugurados nos Jardins do Príncipe Real (França Borges), Praça das Flores e Praça Luís de Camões; do quiosque do jardim e miradouro de Botto Machado, abre agora mais este espaço.

Recorde-se que o Jardim das Amoreiras não dispunha de um estabelecimento com estas características desde Janeiro de 2007, altura em que o quiosque existente neste local foi encerrado por falta de condições. Este quiosque foi posteriormente recuperado e colocado no Largo Camões onde está a funcionar.


25 de agosto de 2009

HISTÓRIA DA FREGUESIA DE SÃO MAMEDE DO SÉCULO XII AO SÉC XXI


A antiga freguesia de S. Mamede que existiu, pelo menos desde 1190, na encosta do Castelo e cuja igreja paroquial ficava na actual Rua de S. Mamede, deixou de existir nesse território em 1769, sendo transferida para o Vale do Pereiro, onde lhe foi delimitado um novo território e teve nova sede paroquial, junto a Rua Nova de S. Mamede.
Após a conquista de Lisboa, em 1147, ficou esta zona integrada na paróquia dos Mártires. As mais antigas referências conhecidas dizem respeito a vinhas na Cotovia e Vale do Pereiro, em 1337.

Em 1363, quando o exército do rei Henrique de Castela pôs cerco a Lisboa, provocou devastações por estas bandas, depois de atravessar Valverde (o vale da Avenida) e se instalar no Convento de S. Francisco.
Também em 1384, desta vez as hostes de D. João de Castela por aqui causaram estragos, como nos conta Fernão Lopes: «E chegou acerca dela a um alto monte, a que ora chamam Monte Olivete, e esteve ali grande parte do dia; e muitos dos seus andavam entretanto cortando arvores e vinhas e fazendo todo o dano que podiam».

SÉCULO XVI - AS QUINTAS E O NOVICIADO DA COTOVIA

A Quinta do Monte Olivete, situada do lado direito do caminho da Cotovia, era de Fernão Teles de Meneses, em meados do século XVI. Do lado oposto ficava a Quinta de André Soares, cujos descendentes se uniram aos Noronha e constituíram uma grande propriedade em toda a encosta até ao vale de S. Bento.
O Caminho da Cotovia que passava entre aquelas duas quintas, desembocava num largo (depois chamado do Rato), onde convergiam outros caminhos: o do Salitre, o dos Olivais de S. Bento e o caminho para a Ribeira de Alcântara (Rua do Sol ao Rato). Em 1557, foi criada a freguesia de Santa Catarina, com território destacado dos Mártires e, em 1567, a freguesia de S. José, separada de Santa Justa. Estas duas freguesias repartiam entre si o território da futura freguesia de S. Mamede, segundo uma linha divisória que seguia justamente o já referido caminho da Cotovia.
Ao findar o século XVI, procuravam os padres da Companhia de Jesus um lugar adequado para fundar um noviciado. Depois de ponderarem as vantagens e inconvenientes de uns vinte sítios, decidiram-se pelo Monte Olivete, uma propriedade que fazia parte do dote de Fernão Teles de Meneses deixada em 1598 e que reunia as condições desejadas. Lançados os alicerces em 1603, em 1616 ficaram as obras concluídas. Os primeiros noviços entraram em 1619 e ali continuou esta importante casa religiosa, com uma cerca enorme até ao Rato e Salitre, por muitos anos até à extinção da Companhia de Jesus, em 1759.

OS CONVENTOS SEISCENTISTAS

Contando com o Noviciado da Cotovia, foram cinco as casas conventuais que se estabeleceram nesta área, durante o século XVII e início do século XVIII.
Antes de 1710, vieram estabelecer o seu convento os Padres da Congregação de Oratório de S. Filipe de Nery. As suas casas e propriedade foram, depois de 1755, a Quinta e Pátio do Geraldes e resistiram até 1936, quando foi urbanizado o quarteirão entre a Rua Castilho e Rua Rodrigo da Fonseca. O outro convento foi o de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, hoje fora dos limites da freguesia, que data de 1681-1703.

O AQUEDUTO E A FÁBRICA DAS SEDAS

O século XVIII veio trazer grandes transformações a S. Mamede, ainda antes do terramoto de 1755. Por volta de 1720, começaram a ser construídas casas no Largo do Rato, em terrenos aforados pelas freiras trinas do vizinho convento. No limite oposto da freguesia (hoje Praça do Príncipe Real) tiveram inicio, em 1728, as obras do palácio do Conde de Tarouca, nunca concluídas e sobre cujos alicerces se edificou a Basílica Patriarcal, inaugurada em 1756.
Uma das mais imponentes obras joaninas, o Aqueduto das Águas Livres, estava então a ser construído (1713-1748), terminando a freguesia de S. Mamede.
Em 30 de Outubro de 1744, a água correu pela primeira vez num improvisado tanque no Rato, tendo-se juntado cerca de seis mil pessoas para assistir ao memorável acontecimento. Em 1748, foi erguido um arco triunfal para celebrar o «ingresso das águas na cidade» – o Arco das Amoreiras.www.fasvs.pt
A Mãe-d’Água, iniciada em 1744 só ficou concluída em 1834 e ainda teve obras em 1859 Quanto ao Chafariz do Rato (1753-1754), obra atribuída a Carlos Mardel, está no lugar actual desde 1794.
Em terrenos da Quinta de D. Rodrigo de Noronha, perto do Rato, instalou-se em 1738 a Fábrica das Sedas, que teve as suas primeiras instalações na Fonte Santa (1734) e Rua de S. Bento (1737). Inaugurada em 1741, a nova fábrica contava em 1744 com 28 oficiais e 70 aprendizes.
Em 1749, foi construído um bairro operário de que restam duas moradias na Rua Maestro Pedro de Freitas Branco.

DEPOIS DO TERRAMOTO DE 1755

Em 1759, segundo plano de Carlos Mardel, começou a urbanização daquele espaço a poente dos arcos do Aqueduto, constituindo-se um bairro industrial, o Bairro dos Fabricantes. Além das várias unidades fabris e das habitações operarias, formou-se um verdadeiro núcleo de formação profissional, o Real Colégio das Manufacturas.
A Real Fábrica das Sedas, criada em 1757 pelo marquês de Pombal passou a dispor de outro amplo edifício no Bairro dos Fabricantes, onde em 1764 se instalou a Fábrica dos Pentes e em 1765, a Fábrica dos Relógios, havendo também outras manufacturas como chapéus, botões, cutelarias, lacres, vernizes, etc.
A Fábrica de Louça do Rato foi fundada em 1767, entre o bairro e o Largo do Rato. A Irmandade dos Fabricantes de Seda mandou construir a ermida de Nossa Senhora de Monserrate, no vão de um arco do Aqueduto, em 1768. Três anos depois procedeu-se a arborização do Largo com Amoreiras, que deram o nome à praça, e ao sítio.

A Basílica Patriarcal que, como já vimos, tinha sido inaugurada em 1756, foi destruída por um incêndio em 1769. Tinha sido fogo posto e encontrou-se o culpado, que foi supliciado no local do crime (garrotado e queimado vivo). Ao sítio passou a chamar-se a Patriarcal Queimada.
As novas edificações sucediam-se, promovidas pelo Estado ou por particulares, sendo nesta zona que a burguesia pombalina mandou edificar os seus palácios: o Palácio Alagoas (1757-1762), da família Cruz-Alagoa; o Palácio Ceia (c.1760), construído por Rebelo de Andrade; o Palácio dos Guiões (1767), do desembargador Romão José da Rosa Guião. As casas nobres dos Noronhas foram adaptadas para a instalação, em 1768, da Régia Oficina Tipográfica, depois designada Imprensa Nacional (1833).

A CRIAÇÃO DA FREGUESIA

Por carta régia, de 18 de Dezembro de 1769, foi a paróquia de S. Mamede transferida para o seu novo distrito, ficando como sede provisória a ermida de Nossa Senhora Mãe dos Homens (fundada em 1749), em Vale do Pereiro (na confluência das actuais Rua Braamcamp e Rua Alexandre Herculano).

A remodelação das freguesias de Lisboa, oficializada em l770, fez uma primeira delimitação do território de S. Mamede, que foi alterada em 1780, ficando então com os limites que actualmente mantém, aproximadamente. Parece-nos interessante transcrever o documento de demarcação em 1780:

«Terá princípio o distrito desta Paróquia, transmutada para o sítio do Rato, na Esquina Ocidental da Calçada das Flores que desce à Praça da Alegria, caminhando pelo lado direito para o Real Colégio dos Nobres; e descendo pela Rua de S. Marçal, voltará pela Travessa de Santo António, Travessa do Arco até sair na Rua de S. Bento; e desta, levando todo o lado Oriental, voltará por ambos os lados até à Praça do Rato, Convento das Religiosas Trinas de Campolide, subirá pela Estrada que vai a S. João dos Bem Casados; e seguindo a mesma até à que volta para Campolide, somente da parte Oriental desta, discorrerá pelo lado Meridional de outra que vem sair a Vale de Pereiro; passando junto do Abarracamento deste sítio, irá buscar a Rua do Salitre, e continuará pela nova Rua que sobe defronte das Casas dos herdeiros de José Francisco da Cruz, donde voltará para o Real Colégio dos Nobres, onde acabará a sua circunferência».

No território assim definido, moravam nesse ano de 1780, 3786 pessoas em 749 fogos.
Em 1782 começou a ser construída a nova igreja, para onde passou a sede paroquial em 1783, mas cujas obras se prolongaram por muito tempo.
Nesse período, foram construídos mais alguns palácios, como por exemplo o Palácio Praia (1784) e o Palácio Palmela (1792), mas a grande novidade urbanística nesta zona foi, sem duvida o Bairro da Cotovia ou do Pombal, edificado por iniciativa de uma «Companhia Reedificadora», a partir de 1760 na encosta poente da antiga estrada da Cotovia até à Rua de S. Bento e entre a Patriarcal Queimada e o Solar dos Noronhas (em que existia um pombal que deu nome ao sítio).
Este foco de urbanização contribuiu largamente para o aumento populacional que se observava em 1798. A freguesia de S. Mamede contava 1182 fogos e cerca de 6370 habitantes.

S. MAMEDE NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX

Depois de um movimentado século XVIII, a freguesia de S. Mamede conheceu um período de alguma estagnação até meados do século XIX.
Através de uma cronologia, podem evidenciar-se os acontecimentos mais significativos na primeira metade do século XIX:
1801 - População: 6.370; Fogos: 1.187.
1805 – Construção do Arco de S. Mamede.
1810 - No pátio do Gil (Rua de S. Bento), nasce Alexandre Herculano.
1817 - Preso Gomes Freire de Andrade na sua casa da Rua do Salitre.
1820 - População: 5.200; Fogos: 1.208.
1822/42 - Obras de remodelação do Palácio Palmela.
1825 - Lançados os caboucos do Erário Novo, na Patriarcal Queimada.
1833 - População: 5.360; Fogos: 1.224.
1835 – Fim da Fábrica de Louça do Rato.
1837 - Extinção do Colégio dos Nobres e criação da Escola Politécnica.
1839 - Capela de Nossa Senhora da Bonança (Capela do Rato).
1840 - Popu1ação: 3.946; Fogos: 1.035.
1843 - Incêndio no Colégio dos Nobres.
Feira das Amoreiras.
1853 - Colégio Luso-Britânico (Palácio dos Guiões).
1855 - Botequim de Domingos Martins (Flor do Rato).
1860 - Inaugurada a carreira de omnibus(sic) Rato-Santa Apolónia.
1861 - Aberta ao culto a Igreja de S. Mamede.
1863 - Observatório Astronómico do Monte Olivete.
Palacete Fontalva.
Reservatório de água da Patriarcal.
1864 - População: 4.922; Fogos: 1.331.
1867 - Esquadra da Polícia, no Rato.
1873 - Jardim Botânico.
1877 - Palácio Ribeiro da Cunha.
1878 - População: 6.268.
Conclusão das obras na Escola Politécnica.
1879 - Pátio do Monteiro.
1880/96 - Teatro do Rato.
1890 - População: 7.789; Fogos: 1.663.
Vila Bagatela.
1897 - Incêndio na Real Fabrica das Sedas (Rato).
1899 - Palácio Mayer.
1900 - População: 8.102; Fogos: 1.719.

DO INÍCIO DO SÉCULO XX AOS NOSSOS DIAS

À entrada do século XX, a freguesia de S. Mamede via desaparecer rapidamente o que restava das quintas a norte do seu território.
Com a abertura da Rua Alexandre Herculano, Rua Castilho, Rua Rodrigo da Fonseca, desapareciam as azinhagas de Vale Pereiro e de Lázaro Verde e os arrabaldes rústicos de há pouco, eram preenchidos por palacetes e moradias ao gosto ecléctico de fim de século, como por exemplo: Casa Ventura Terra (1902), Sinagoga (1902-1904), edifícios geminados da Rua Braamcamp, 84 e 88 (1907) ou a Garagem Auto-Palace (1906), com elementos Arte Nova.
Em 1921, um incêndio destruiu completamente a igreja de S. Mamede, logo reconstruída e reaberta ao culto em 1924.
O Instituto de Investigação Científica Bento da Rocha Cabral data de 1925. O Mercado 1º de Dezembro (ao Rato) foi inaugurado em 1927. Quanto ao Parque Mayer tinha sido inaugurado em 1922.
Entre 1930-1940 foi aberta a Rua de Artilharia Um, substituindo a velha estrada de Entremuros. Na mesma altura procedia-se a modificações na Praça do Brasil (Largo do Rato) e construiu-se o conjunto de edifícios Art Deco e modernismo radical no quarteirão entre a Rua Nova de S. Mamede e Rua do Salitre.

Com a remodelação administrativa de 1959, a freguesia ficou com os limites que mantém actualmente e desde os anos 60-70 que a terciarização avança imparavelmente. Nos últimos anos, assiste-se à instalação de edifícios que requerem localização de prestígio por parte de bancos, hotéis, companhias multinacionais que estão a modificar radicalmente a face da freguesia.

Texto retirado do livro de Carlos Consiglieri, Filomena Ribeiro, José Manuel Vargas e Marília Abel, Pelas Freguesias de Lisboa - de Campo de Ourique à Avenida; Santo Condestável; Santa Isabel; São Mamede; Coração de Jesus, vol 3., Biblioteca da Educação da CML de 1995.(Resumo de Luísa de Paiva Boléo)

24 de agosto de 2009

Nova Dinâmica para São Mamede

A Freguesia de São Mamede vai ter uma nova dinâmica
quando a nossa equipa vencer
as eleições no dia 11 de Outubro.

Em breve poderá saber quais os pontos mais importantes a implementar na Freguesia, baseados nas opiniões de quem aqui vive e trabalha.
Acredite que a Freguesia de São Mamede vai mesmo mudar connosco .
Ambicionamos conseguir fazer uma comunidade de pessoas que se unam numa mesma missão, que é, entre outras, de não deixar que as ruas que a atravessam tenham prioridade sobre os peões e as suas vidas.
As Ruas Alexandre Herculano, Bramcamp, Rua da Escola Politécnica, do Salitre, de São Bento, que comportam enorme tráfego, não podem desunir uma comunidade que tudo fará para conseguir viver melhor, mais tranquilamente e por isso mais feliz.
Muitas cidades europeias estão, de novo, a humanizar-se. Os transportes colectivos particulares e colectivos terão de respeitar as pessoas. São elas que tornam as cidades vivas. O mesmo vai acontecer a Lisboa.
Acredite que a mudança é possível. Contamos consigo!

11 de agosto de 2009

A Freguesia de São Mamede na Rota das Grandes Mudanças em Lisboa

Lisboa - mais eléctricos rápidos e menos Metro

António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, apresentou em Julho passado uma série de projectos de alteração ao Plano Director Municipal (PDM) que vai alterar a estrutura de Lisboa.http://www.unirlisboa.net/map.html O debate na Assembleia Municipal para aprovação ocorrerá apenas no próximo mandato, depois das Autárquicas de 11 de Outubro.

Manuel Salgado
, vice-presidente da autarquia e vereador do Urbanismo, evocou o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT), no artigo 77.º, que refere a obrigatoriedade da Câmara dar a conhecer o que está a ser feito em termos de PDM.

Na sessão que teve lugar na Sociedade de Geografia de Lisboa António Costa disse pretender para o PDM seis projectos fundamentais a que chamou a Coroa das Novas Centralidades: em Alcântara; na zona da Boavista Nascente (perto do Cais do Sodré); na Avenida de Berna; no Parque Mayer; na Baixa Pombalina e na zona envolvente da Gare do Oriente/Parque das Nações.
Trata-se de projectos que vão fazer convergir três grandes objectivos: uma cidade amiga do ambiente com grande mobilidade, geradora de emprego e que fixe residentes.

«O rei é o peão», referiu Manuel Salgado que frisou que a CML prefere apostar no crescimento dos eléctricos rápidos do que na expansão do Metropolitano.
À iniciativa chamou António Costa a Cidade Democrática, cujo «planeamento é partilhado por todos». Um dos objectivos é trazer de novo as empresas para a capital.

Em Setembro vão ser lançados concursos para projectos da Praça de Espanha, no Campo das Cebolas/Doca da Marinha, praça de Alcântara e para o Largo do Rato (arranjo do espaço público).

(Resumo dos projectos apresentados por António Costa em Julho de 2009)

10 de agosto de 2009

Ilustres de São Mamede




Sara Afonso
Pintora e ilustradora portuguesa teve uma participação impar na vida artística dos anos trinta, embora se não possa dissociar a sua vida da do seu marido, José de Almada Negreiros. Sara, nasceu em Lisboa numa família burguesa, filha de um oficial do Exército e de Alexandrina Gomes Afonso. Passou a infância no Minho, que a viria a inspirar em temas populares de grande beleza e ingenuidade. Em 1924, ainda solteira, partiu sozinha para Paris, depois de ter tido lições com o pintor Columbano Bordalo Pinheiro. Paris foi uma experiência determinante, então também a cidade de Picasso e Hemingway. Ali expôs com sucesso no Salon d'Automne.

Regressou a Portugal e, à sua custa, voltou para Paris entre 1928 e 1929, trabalhando no atelier de uma modista onde fazia croquis de moda, gosto que lhe ficou, tendo colaboraria mais tarde com desenhos de moda para revistas portuguesas. Sara Afonso de regresso a Lisboa seria a primeira mulher a frequentar o café A Brasileira do Chiado, então exclusiva do sexo masculino. Contemporânea de Bernardo e Ofélia Marques, Carlos Botelho e tantos outros era previsível que viria de casar com um pintor. Participou no primeiro Salão de Artistas Independentes em 1930. Casou aos 35 anos com José de Almada Negreiros.

Sara Afonso conciliou a sua vida de mãe de família e de pintora. Fez uma exposição individual, em 1939 e participou na Exposição do Mundo Português, em 1940. Em 1944 recebeu o Prémio Sousa Cardoso. Em 1953 integrou a delegação portuguesa à Bienal de São Paulo. Não deixou de pintar até quase ao fim dos seus dias. Fez retrospectivas dos seus trabalhos em 1953, 1962, 1975 e 1980. Sara Afonso dedicou especial atenção às festas populares e às tradições portuguesas em cores doces e luminosas. Por ocasião do centenário do seu nascimento, em 1999, realizaram-se exposições comemorativas em Viana do Castelo e Porto. Sara Afonso morreu na Rua São Filipe Nery (ao Rato), na Freguesia de São Mamede, naquela que foi a sua casa de família onde viveu com Almada Negreiros e os filhos.

Inocêncio Francisco da Silva

(28/09/1810 - 27/06/1876 oriundo de uma família de fracos recursos económicos teve como habilitações o Curso de Comércio e formou-se em Matemática na Academia de Marinha. Nas Guerras Liberais esteve do lado do Duque da Terceira. Depois das lutas dedicou-se ao ensino e entrou na política. Foi como empregado do Estado na Administração de Lisboa que começou a estudar por conta própria, tendo adquirido vastos conhecimentos em línguas e humanidades. Dedicou a sua vida a escrever o precioso Dicionário Bibliográfico Português continuado por Brito Aranha, seu testamentário, que lhe acrescentou vários volumes. O Dicionário é constituído por 23 vols., completados por um Guia Bibliográfico de Ernesto Soares e um Aditamento de Martinho da Fonseca. Inocêncio da Silva pertenceu à Maçonaria e foi sócio da Academia das Ciências de Lisboa.
O seu Dicionário continua a ser um livro de referência para historiadores e investigadores, com a curiosidade de os autores constarem com o nome próprio antes dos apelidos. O ilustre bibliógrafo faleceu em Lisboa na mesma casa onde nasceu na Rua São Filipe Nery, 26 – 2º, (*) que hoje ostenta uma lápide evocativa. Curiosamente Luísa Paiva Boléo, cabeça de lista por São Mamede às Autárquicas 2009 reside nessa mesma casa e andar.

(*) A casa construída antes do terramoto de 1755 tinha então apenas dois andares, foi já no séc. XX acrescentada, tendo hoje 5 andares.

4 de agosto de 2009

Um prédio de São Mamede



Um prédio da Freguesia de São Mamede, numa deliciosa foto (autor n.i.) do século XIX, arquivada no Arquivo Fotográfico de Lisboa(da C.M.L).

Este é o meu prédio, onde moro há 33 anos. A fotografia foi-me gentilmente cedida por uma vizinha, amiga e condómina do prédio. Muito obrigado!

3 de agosto de 2009

Carta às Eleitoras e Eleitores da minha Freguesia


Caro (a) Eleitor(a)

Chamo-me Luísa de Paiva Boléo, nasci em Coimbra, numa grande família, onde os valores da partilha e solidariedade me marcaram fortemente. Já em Lisboa, casei, fui mãe, licenciei-me e comecei a publicar como historiadora, tendo editado um livro sobre o Chiado e, mais recentemente, a biografia da rainha D. Maria I. Paralelamente fui técnica de documentação na Função Pública.

Vivo na Freguesia de São Mamede há mais de 35 anos.

Sou amiga de muitos moradores da Freguesia, e ligam-me laços de simpatia e solidariedade a tantas outros que, não tendo aqui residência permanente, aqui desenvolvem as suas actividades comerciais e culturais sendo uma mais-valia para esta comunidade tão diversificada que se estende do Príncipe Real ao Pátio Bagatela, da Rua do Salitre à Rua das Amoreiras.

Fui Presidente da Assembleia de Freguesia do Sacramento e sou há seis anos vogal da Assembleia de Freguesia de S. Mamede.

Como sabe a Junta de Freguesia é o órgão autárquico que tem mais perto de si, e que tem vindo progressivamente a ganhar importância. Assim, para a Junta de Freguesia e Assembleia de Freguesia o seu voto é determinante. O Presidente da Junta de Freguesia é, por inerência, membro da Assembleia Municipal, onde tem voz e defende os interesses e aspirações da Freguesia e participa na definição das políticas do Município.

Candidato-me a Presidente da Freguesia de São Mamede nas Autárquicas 2009 pelo Partido Socialista, porque conheço bem a realidade desta Freguesia de Lisboa, que não tem merecido, por parte do partido que está à frente da actual Junta de Freguesia, há mais de dez anos, a atenção e empenho que S. Mamede merece.

A freguesia tem um património construído riquíssimo que vamos pôr ao serviço das pessoas cuja diversidade e conhecimento local são uma prioridade. Temos uma equipa competente, entusiasta e jovem que vai dinamizar São Mamede.

Em sintonia com a CML vamos encontrar uma forma de atrair de novo os casais jovens a São Mamede. As crianças fazem falta nas nossas Ruas, Escolas e Jardins.

Esta equipa do PS tem projectos inovadores como o do Mercado do Rato com intervenções que passam por Habitação, Equipamentos Sociais, e mercado local. Vamos melhorar a Segurança, fazer mais pela Mobilidade, tornar os Jardins locais de lazer aprazível e modernizar a Higiene Urbana.

No dia 11 de Outubro vote na nova equipa.

Vamos fazer de São Mamede uma comunidade unida, viva, criativa onde a coesão social seja uma prioridade, que se abra aos outros e à cultura, à inovação nas suas diversas formas. Uma comunidade que vai estar em sintonia com as mudanças que se estão a operar em Lisboa.

Consigo, com todos, por São Mamede, com Luísa Paiva Boléo.

Começar de novo com António Costa

António Costa pagou as dívidas da Câmara Municipal de Lisboa.
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O que quer dizer esta afirmação? Significa, muito claramente, que com este Presidente à frente da nossa cidade, os fornecedores, sobretudo os mais pequenos - comerciantes, ateliers de designers, prestadores de serviços etc. - não se encontram mais ameaçados de morte súbita. Significa, para as pequenas empresas de venda de bens e de prestação de serviços, que muitas famílias, estranguladas pela gestão da Câmara de Carmona Rodrigues e do PSD, puderam voltar a viver, a ir às compras com dinheiro ganho há anos atrás, a vestir e a calçar os seus filhos, a levantar a cabeça.

Por isso, é bom lembrar que por detrás dos números existem pessoas. E que uma leitura correcta, atenta e empática dos números mostra se há pessoas e famílias a sofrer injustiças ou se essas injustiças foram reparadas.

Os números que falam das antigas dívidas da Câmara agora pagas no decurso dos dois anos da gestão de António Costa, falam sobretudo de pessoas. Não encolhamos os ombros exclamando "números, só números!". Os números indicam - se lidos com olhos de ver - que por detrás da palavra empresa existem pessoas que nelas trabalham e delas vivem, quando os clientes pagam.

Os actuais "números" apresentados por António Costa apontam um novo caminho no início do qual renasce, ao fim de dois anos de esforço e perseverança da Câmara Municipal de Lisboa, a esperança de vida na cidade - espaço de trocas, de comércio, de relações - e com ela, a possibilidade de regresso, a Lisboa, de jovens remetidos para as periferias.

P.S: este post é fruto dos contactos que vou tendo com lisboetas; numa conversa informal, uma família que teve de sair de Lisboa, fez-me ver a importância do pagamento das dívidas, feito pela actual gestão camarária.

Nas Ruas


Brevemente começará a ser distribuido o flyer da candidatura PS (e independentes) para a Junta de Freguesia de S. Mamede.

Ruth Arons e São Mamede

A primeira Junta de Freguesia de S. Mamede democraticamente eleita (1976-1979) era composta por 5 membros e a distribuição por partidos correspondia aos resultados das eleições e de acordo com o sistema de Hondt:

Eram do PS a Presidente (eu), o Tesoureiro e o 2º vogal; o Secretário era do CDS e o 1º Vogal do PCP. Era tudo gente democrática e bem intencionada, de modo que nos entendíamos bastante bem e resolvíamos os assuntos quase sempre por consenso... até aos últimos meses do nosso mandato, em que por desistência do Tesoureiro (por motivos políticos), a Assembleia votou que o seu substituto tinha que ser do PSD e apareceu-nos um rezingão antipático!...

A princípio, nenhum de nós sabia bem qual era o nosso papel e tivemos que nos orientar pelas indicações do escriturário e da funcionária para os serviços exteriores que "herdámos". Eram boas pessoas e o resto fomos aprendendo aos poucos. Ainda nem sequer tinha saído a respectiva legislação, mas com o andar dos tempos foi-se tudo organizando.

Os primeiros problemas:

1 – As instalações

A Junta estava instalada num 2º andar na Rua Barata Salgueiro e era velha, escura e o resto do prédio estava desabitado. Soubemos depois que o dono do Hotel Altis contíguo queria comprar prédio para alargar o hotel. Na procura de novas instalações encontrei a antiga Fábrica de Tecidos de Seda, no Jardim das Amoreiras, que estava desocupada e consegui convencer o então Presidente da Câmara, Eng. Aquilino Ribeiro Machado (uma simpatia!) que seria ideal para a Junta. Ainda visitei as instalações (aliás, completamente degradadas) com o Arquitecto Duarte Nuno Simões (PS) e sonhámos com a instalação de um centro para 3ª idade, creche, jardim infantil, biblioteca, etc. etc. O dono do Hotel prontificou-se a pagar a instalação da Junta.... mas, entretanto acabou o nosso mandato. (Seguiram-se Juntas PSD/CDS) – a nova Junta chegou a instalar-se na Fábrica restaurada (pessimamente) pelo dono do Hotel e... apareceu a vontade expressa da pintora Vieira da Silva de instalar a sua Fundação e Museu neste edifício tão bem localizado e bonito ficando a minha sucessora na Junta com um grande problema.

2 – As verbas disponíveis

Ninguém sabia qual a verba de que poderíamos dispor para o funcionamento da Junta: aluguer, ordenados, material, e para podermos actuar e ser úteis à população. Também não sabíamos quando nos iriam enviar dinheiro. O funcionário também dizia que não o sabia e cheguei a não ter dinheiro para pagar ao pessoal que nós herdáramos e não podíamos despedir... Quem me valeu foi um velho amigo e camarada que dispunha então de um "saco azul".
Tudo isto só começou a ficar organizado passados meses e com a aprovação e publicação da nova legislação. Mas, mesmo assim, o dinheiro era sempre pouquíssimo e levei meses a conseguir encomendar um painel para afixação dos editais da Junta (não havia nenhum!). Aliás, os membros da Junta não eram pagos e os eventuais táxis para as reuniões da Assembleia Municipal ou outras eram pagos do nosso bolso.

3 - A população

Naquela altura só se dizia "o povo". A assistência às reuniões públicas mensais da Junta e às Assembleias de Freguesia era bastante grande e as pessoas intervinham com interesse – nada como nos dias de hoje! Era o lado mais estimulante e interessante da actividade autárquica. As pessoas vinham apresentar os seus problemas – na maioria dos casos tratava-se da necessidade de encontrar casa:
havia muita gente que tinha ocupado casas e, com a nova legislação, teve que as abandonar. Tivemos o apoio muito útil da assistente social, funcionária da Misericórdia de Lisboa responsável da freguesia de S. Mamede, com quem debatíamos estes problemas e procurávamos solução.
A assistente social Inês tinha um projecto para as pessoas idosas da Freguesia que era muito interessante e que nós procurámos apoiar. Mas havia, por outro lado, um projecto da Paróquia, com outros apoios... Na Assembleia de Freguesia o conjunto dos membros CDS e PPD/PSD faziam guerra aos nossos projectos – com a continuação, foram eles que venceram...

O primeiro mandato das autarquias, depois do 25 de Abril, só durou 3 anos e terminou com a entrada em vigor da nova legislação autárquica, passando os mandatos a durar 4 anos.
Nas novas eleições, o PS perdeu a maioria que deteve em S. Mamede e em muitas outras freguesias de Lisboa.

Ruth Arons (que integra a lista encabeçada por Luísa Paiva Boléo às Autárquicas 2009)
2009-07-28